Há algumas semanas assisti novamente esse memorável filme e, incompreensivelmente, ou totalmente compreensível, me identifiquei e, num pensamento inesperado, cheguei à uma conclusão: Caraca, Eu sou a Amélie Poulain!
Com algumas mudanças, é claro, mas no imaginário quase as mesmas coisas: Os mundos particulares criados em uma imaginação quase (?) esquizofrênica, os amores platônicos, os desejos, a vontade de ajudar o mundo (mesmo que uma pequena parte dele), a satisfação em ajudar as pessoas achando que assim estaria ajudando a mim mesma...
Uma frase me marcou profundamente: “Os anos passam — Amélie prefere sonhar até ter idade para partir”, mas qual é a idade certa para partir? E nunca deixar de sonhar. Escape nos sonhos, desejos realizados e uma compreensão total de que da realidade não se foge, pois ela é presente e inexorável.
Me pergunto, qual a diferença entre a minha necessidade (algumas vezes obsessiva) de fugir para meu mundo particular e para meus sonhos inconfessáveis e estranhamente consoladores a de uma pessoa que vive em um mundo de fantasias reais, achando que o mundo deve se moldar aos seus desejos, sejam eles errados, mesquinhos ou não?
A diferença é que eu vivo meu mundo perfeito em meus sonhos e, quando na realidade (que nem é tão cruel como as pessoas dizem) encontro fiapos destes, agradeço e sorrio! Aquelas pessoas não. Quando suas "fantasias reais" se degladiam com o mundo real, sentem-se invadidas e numa birra infantil, batem o pé e armam-se até os dentes para comprovar que o mundo tem de estar errado para elas estarem certas!
Não sonho em transformar o mundo em um local com nuvens brancas e sóis sorridentes (como costumamos desenhar na infância). Adoro tempestades, raios, trovões, furacões, vulcões em erupção! Eles me fazem ter certeza da enormidade da vida e de seus desígnios (estejam eles escritos ou não!). Me fazem respirar e me sentir VIVA! E me mostram, em sua magnitude, o quanto eu cresci e evoluí, sem "sair da caixinha" totalmente e achar que tudo tem de seguir conforme minha vontade egoísta.
Sim, eu sou uma pessoa que não consegue ir "Nice and Easy" como diria Frank Sinatra, eu quero (ou queria) tudo ao mesmo tempo agora! Com as experiências passadas tento aprender a esperar, que o universo é sábio e que tudo acontece por uma razão.
Mas, quem disse que aprender é fácil?
As pedras no caminho (não aquela que Drummond falou, por que aquela era uma pedra em seu sentido denotativo, ou seja, literal) servem para pararmos, analisarmos a melhor maneira de passar por elas. Algumas podemos pular e outras temos de contornar e o contorno pode levar muito tempo, mas com certeza chegaremos do outro lado, mais fortes, confiantes com a experiência que nos foi proporcionada pela Vida.
Não me sinto parada. Sinto que estou contornando uma pedra (e PQP que pedra grande - eu penso às vezes), mas estou lá, firme e forte, e continuo andando porque sei que um dia vou chegar lá! Onde, não importa ainda, mas vou chegar!
Como li certa vez em um texto: "O destino se encarrega do melhor. Basta querer."
